Desesperado, o chefe olha para o relógio, e já não acreditando que um
funcionário chegasse a tempo de fornecer uma informação importantíssima
para uma reunião que estava a começar, liga para o dito cujo:
- Está lá?
- Sim. - Atende uma voz de criança, quase sussurrando.
- Olha, o teu papá está?
- Tá... - ainda sussurrando.
- Posso falar com ele?
- Não... - disse a criança bem baixinho.
Meio sem graça, o chefe tenta falar com algum outro adulto:
- E a tua mamá? Está aí?
- Tá...
- Ela pode falar comigo?
- Não. Ela tá ocupada.
- Está aí mais alguém?
- Tá... - sussurra.
- Quem?
- O "puliça".
Um pouco surpreso, o chefe continua:
- O que é que ele está aí a fazer?
- Ele tá a conversar com o papá, com a mamá e com o "bombeilo"...
Ouvindo um grande barulho do outro lado da linha, o chefe pergunta
assustado:
- Que barulho é esse?
- É o "licópito".
- Um helicóptero!?
- É. Ele "tlouce" uma equipa de "bujsca".
- Ó meu Deus! O que é que está a acontecer aí? - pergunta o chefe, já
desesperado.
E a voz sussurra com um risinho safado:
- Eles tão à minha "pocula"...
Um blog de Joaquim Gagliardini Graça
quarta-feira, setembro 15, 2004
"O poculado"
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