Um blog de Joaquim Gagliardini Graça

sexta-feira, setembro 17, 2004

Ainda o princípio...

Responde-me Eduardo Proença com o seguinte texto:

Boa tarde. Só tenho pena de não ter tempo suficiente para discutir mais
aprofundadamente estes assuntos e de estudar convenientemente. No
entanto, li a resposta, e só quero dizer que, no caso dos transportes
públicos, e uma vez que todos beneficiamos das externalidades positivas
originadas pela sua utilização, todos as devemos pagar. Já agora, quem
paga passe social e bilhetes, também paga a dobrar, não é? A portagem é
outra coisa, serve para suportar uma externalidade negativa. Pensado
como você (que não sei quem é, mas isso agora não é importante), como é
que vai incentivar as pessoas a utilizar transportes públicos? E como é
que vai explicar aos utentes dos transportes públicos que devem suportar
todos os custos quando toda a sociedade é beneficiada pela sua
utilização?



Boa tarde, Eduardo. Vejo que o tema dos transportes públicos lhe é caro. Vou tentar responder por pontos à sua questão.

1. Eu já pago um imposto muito alto quando atesto o depósito do meu carro. Como tal, continuo a pagar por duas vezes a externalidade ambiental que você refere.
2. A portagem serve apenas para financiar a construção de estradas que o Estado não tem dinheiro para fazer. O ambiente não é, nem nunca foi uma preocupação em Portugal, no que diz respeito às portagens. Aliás, quando voltaram a colocar portagens na CREL, o trânsito de pesados desviou-se em grande parte para a 2ª Circular, prejudicando muito o ambiente de quem vive na cidade. Além disto, é sabido que quanto melhores forem as estradas, menor é o trânsito e menor será a poluição. Um automóvel consome bastante menos em auto-estrada do que numa estrada nacional ou em cidade.
3. Eu não gosto de transportes públicos. Nunca gostei. Estou nesse direito, quer você goste quer não. Não circulo nas horas de ponta por isso também não sofro com o trânsito. Sentir-me-ei incentivado a utilizar transportes públicos quando estes me prestarem um serviço rápido, seguro e confortável. O único transporte público que uso (excluíndo taxis) é o metro. Proporciona-me rapidez nalgumas deslocações e resolve-me problemas de estacionamento.
4. Eu não tenho que explicar nada aos utentes dos transportes públicos. Já lhes pago grande parte do serviço prestado nos meus impostos. Quanto ao benefício para a sociedade, concordo consigo, mas isso acontece em sociedades civilizadas, em que o uso , por exemplo, de camionetas antigas e poluentes é proibido. Não sei até que ponto um autocarro da Carris ou uma camioneta da Mafrense com 15 anos (algumas compradas recentemente) é melhor para o ambiente que o uso de carros modernos...

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