Um blog de Joaquim Gagliardini Graça

terça-feira, julho 05, 2005

O Estoiro da Nação

Ficámos hoje a conhecer as grandes prioridades do Governo em matéria de investimentos. A ter em conta:

- OTA: é garantido o início da construção do futuro aeroporto.

A aposta falha em toda a linha. É difícil compreender como um país pobre se pode dar ao luxo de investir tantos milhões numa obra pouco ou nada prioritária. Deve-se potenciar os 3 principais aeroportos já existentes e dar condições de abertura ao tráfico internacional das infraestruturas de Beja e Montijo. A localização dos aeroportos junto das principais cidades é uma mais valia que não pode ser desperdiçada. Colocar um novo aeroporto na OTA só virá acentuar as assimetrias regionais, prejudicando a região de Lisboa, a mais rica e a que mais produz no país.

- TGV: é garantido o início da construção da rede ferroviária de alta velocidade

Será lógico que, sendo o objectivo principal deste projecto ligar Portugal a Espanha e ao resto da Europa, este se desenvolva de acordo com a rede vizinha. Numa primeira fase as ligações mais importantes serão Lisboa-Madrid e Porto-Vigo. Secundariamente, a aposta será ligar o eixo Porto-Lisboa-Faro. A ligação de Faro a Sevilha ficará em último lugar nas prioridades.
O grande interesse do comboio passará sempre pelo transporte de carga. Apesar de importante, não pode ser considerado como prioritário.


- Conclusão da CRIL

Aqui nada a criticar. Já vem tarde.


- Conclusão da auto-estrada até Bragança

Igualmente nada a criticar.


Vem o nosso PM afirmar que "grande parte do esforço de consolidação das contas públicas depende do desempenho da economia".
Esta frase resume na perfeição toda a estratégia socialista. Vamos esperar que as empresas recuperem, aumentando a Receita e o problema do défice fica resolvido. O Governo não compreendeu, não compreende e não irá compreender nunca que a consolidação das contas públicas terá de ser feita na sua quase totalidade pelo lado da Despesa. Enquanto não se cortar nesta não será possível baixar impostos e dar às empresas o ar que precisam para respirar e crescer.
Esperar que sejam os privados a contribuir com metade do investimento previsto, ou seja, 12,5 mil milhões de um total de 25 mil milhões de euros é completamente irrealista.
A criação de 120 mil novos empregos à custa do investimento e obras públicas também se revela uma meta impossível, sendo que, mesmo que fosse alcançada, não resolveria o maior dos nossos problemas, i.e., o déficit da Balança Comercial. Fazer crescer as exportações é fundamental. A aposta no turismo (de qualidade) será um forte gerador de entrada de divisas no país, funcionando como um importante gerador de emprego nos vários níveis da cadeia laboral.
Tendo em conta as opções deste Governo, é cada vez mais urgente a substituição de Jorge Sampaio. Já chega de críticas à banca, de discursos vazios e de entregas de medalhas a quem enterrou e tem vindo a enterrar o país na depressão.

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