Tem andado por aí uma discussão acerca da qualidade dos nossos empresários e dos nossos políticos.
O indignado João Miranda argumenta, entre muitas outras coisas, que "os privados só podem fazer aquilo que o estado os deixa fazer".
O que me atormenta (se é que chega a tanto) nesta questão é a separação clara que se faz entre privados e Estado, como se não houvesse uma relação recíproca entre ambos. Numa democracia onde o voto é livre (não como as que o Bernardino Soares gosta) o Estado só pode fazer aquilo que os privados o deixam fazer. Não é por acaso que sempre que se aproximam eleições há um "aliviar do cinto". O facto é que os empresários do "Compromisso Portugal", mentes iluminadas do sucesso, não se chegam nem se querem chegar à frente. Não apoiam nenhum partido, não criam um novo, limitando-se a apregoar uma série de banalidades conhecidas de todos.
Não há ideia mais errada que defender os empresários como autênticos poços de virtudes. Se é verdade que temos um Estado que funciona mal, dificultando a vida a muita gente, não é menos verdade que a nossa classe empresarial deixa muito a desejar. A falta de profissionalismo, a incapacidade de cumprir prazos, o protelar de pagamentos, o medo de arriscar e a falta de aposta na formação e motivação dos colaboradores não são culpa do Estado a não ser por permitir que tal aconteça.
A lentidão da Justiça, mais do que a carga fiscal estupidamente elevada, confere uma impunidade a quem dela se aproveita mas não a causa.
No entanto, há empresas portuguesas com sucesso a nível nacional e internacional, que competem dentro das mesmas regras que as outras. Há empresas estrangeiras que se implantam cá e que conseguem gozar do mesmo nível de sucesso.
O mal está no país como um todo e não apenas nos nossos governantes. Estes são apenas um reflexo de quem os elege.
Um blog de Joaquim Gagliardini Graça
sexta-feira, setembro 29, 2006
Os bons e os maus
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