Um blog de Joaquim Gagliardini Graça

terça-feira, junho 14, 2005

Olhe que não...

Independentemente da sua intervenção cultural, foi na acção política que se destacou. Neste aspecto, devo dizer que sempre olhei para Álvaro Cunhal como uma figura assustadora. Habituei-me, desde muito novo, a vê-lo no seu estilo agressivo, com as sobrancelhas sobre os olhos, a discutir de maneira inflexível, aplicando a mesma "cassete" ano após ano, sem nunca mudar uma linha no seu discurso. Alguns chamam-lhe coerência. Para mim, a fixação e a falha de evolução no pensamento político revelaram falta de humildade, para não dizer falta de inteligência. Os seus comentários após a queda do muro de Berlim deixaram transparecer também a sua frustação e raiva pela derrota daquilo que defendeu toda a sua vida. Para bem de todos nós, nunca lhe foi permitido concretizar o seu ideal de governação. Mesmo assim, durante o período em que teve influência, nasceram leis que ainda hoje assombram a nossa economia, responsáveis em grande parte pelo nosso atraso. Tinha carisma e personalidade, coisas que não abundam nos dias de hoje. Lutou e sofreu pelos seus ideais. Por tudo isto merece ser lembrado.





PS: O dia de Luto Nacional que se avizinha não tem justificação possível.

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