Independentemente da sua intervenção cultural, foi na acção política que se destacou. Neste aspecto, devo dizer que sempre olhei para Álvaro Cunhal como uma figura assustadora. Habituei-me, desde muito novo, a vê-lo no seu estilo agressivo, com as sobrancelhas sobre os olhos, a discutir de maneira inflexível, aplicando a mesma "cassete" ano após ano, sem nunca mudar uma linha no seu discurso. Alguns chamam-lhe coerência. Para mim, a fixação e a falha de evolução no pensamento político revelaram falta de humildade, para não dizer falta de inteligência. Os seus comentários após a queda do muro de Berlim deixaram transparecer também a sua frustação e raiva pela derrota daquilo que defendeu toda a sua vida. Para bem de todos nós, nunca lhe foi permitido concretizar o seu ideal de governação. Mesmo assim, durante o período em que teve influência, nasceram leis que ainda hoje assombram a nossa economia, responsáveis em grande parte pelo nosso atraso. Tinha carisma e personalidade, coisas que não abundam nos dias de hoje. Lutou e sofreu pelos seus ideais. Por tudo isto merece ser lembrado.
PS: O dia de Luto Nacional que se avizinha não tem justificação possível.
Um blog de Joaquim Gagliardini Graça
terça-feira, junho 14, 2005
Olhe que não...
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