A DECO sempre foi uma organização que me suscitou dúvidas em relação ao seu propósito. Não nego a ajuda que deu e dá a muitos consumidores lesados, especialmente no que diz respeito ao apoio jurídico. Há, no entanto, uma vertente que sempre me deixou de pé atrás. Comportando-se e intitulando-se como peritos, avaliam todos os tipos de bens de consumo e de investimento (que vão de electrodomésticos a automóveis, passando pela qualidade dos chouriços nos hipermercados e pelos melhores fundos mobiliários) e classificam-nos tendo como objectivo aconselhar a melhor compra. Bem sei que os critérios de avaliação são sempre discutíveis mas, em muitos casos, a compra recomendada (ou a escolha acertada) tem muito mais em conta factores subjectivos do que a qualidade efectiva, o propósito ou mesmo a relação qualidade-preço dos bens em causa. As ofertas que faz de calculadoras, agendas electrónicas, máquinas tradutoras e despertadores (entre outros) da pior qualidade para aliciar novos membros também não ajudam à credibilidade destas avaliações.
Independentemente de tudo isto, ou talvez não, a DECO propõe agora restrições à publicidade de alimentos que prejudicam a saúde das crianças, nomeadamente aqueles com excesso de açucar, sal e corantes. Concordo que deve existir um controlo real sobre o excesso de publicidade que nos inunda as televisões. Não posso concordar com a restrição da mesma pelos motivos apresentados. O problema não está nos anúncios pois estes sempre existiram desde que me lembro. O problema não está nas crianças. Onde a DECO se deve focar é nos pais, que cada vez mais se demitem da sua responsabilidade de educadores. Lançar uma campanha de informação e sensibilização para o problema seria bem mais credível do que advogar a censura.
Um blog de Joaquim Gagliardini Graça
segunda-feira, maio 16, 2005
Restrições à publicidade
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