Se há coisa que nos caracteriza como povo é o tradicional pessimismo com que se encara qualquer aposta para além do Euromilhões. É o fado da nação cantado de Norte a Sul.
A aversão ao risco aparece sob capas como "isto não são alturas para brincadeiras", o "vais trocar um emprego sério e seguro por uma aventura" ou, talvez o meu preferido, "bicicletas e gajas boas são para os outros" que é uma maneira peculiar de referir a sorte e a trafulhice como condições "sine qua non" para se alcançar o sucesso, obrigatoriamente medido em dinheiro e grau de impunidade perante a Justiça.
Torna-se, assim, muito mais difícil ser-se empreendedor neste país do que em qualquer outro que conheço.
O espírito colectivo de derrota e a falta de confiança geral aliados a factores como a cobardia dos bancos (verdadeiros agiotas legalizados), a corrupção, os compadrios, as péssimas governações e as cargas fiscais absolutamente proibitivas (para não dizer criminosas) tornaram-se quase imbativeis nestes últimos 30 anos.
Quase.
Porque ainda há gente que acredita que as coisas mudam, que não baixa os braços, não se deixa abater perante adversidades conjunturais e não passa a vida a queixar-se.
Para estes o sucesso é garantido, mesmo que percam algumas batalhas pelo caminho.
Numa terra como a nossa, o facto de se estar na guerra representa, por si só, uma vitória.
Um blog de Joaquim Gagliardini Graça
quarta-feira, abril 15, 2009
Este país não é para novos
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2 comentários:
Aprovado! Boa posta e grande título.
Apoiado!
Este nosso modus vivendi que muito bem descreveste está a tornar-se insustentável. O problema é que as reformas tardam, e tardam, e tardam.
Em Portugal toda a gente diz mal do sistema enquanto não arranja um puleirozito para si ou para os filhos. Depois já não quer saber.
Nesta sociedade quem está bem não quer saber. Por ex.:
Os agentes da Justiça querem lá saber de morosidades.
Os politicos no poder querem lá saber que a injustiça seja generalizada.
Isto só vai começar a mexer quando os ordenados certos 14x por ano desta gente deixarem de ser certos.
Aí sim, aí vamos sentir as tão desejadas dores de crescimento.
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