Se tivermos em conta o que é exigido aos jogadores ao longo de uma época que vai de Agosto a Maio, facilmente depreendemos o martírio que representam para estes as competições em Junho.
Nunca como neste Mundial se notou o cansaço, os nervos e o pouco discernimento da grande parte dos jogadores mais importantes, sendo que Portugal, com a maioria dos seus atletas titulares em grandes clubes europeus, não fugiu à regra.
Por outro lado, existem duas selecções no mundo que, por força da excepcional qualidade dos seus atletas, se demarcam claramente de todas as outras: França e Brasil.
Aparece depois um segundo grupo que engloba países como a Argentina, Espanha, Itália, Holanda e Inglaterra, onde Portugal se enquadra no limite visto não possuir um único ponta-de-lança capaz.
Durante este Mundial, a selecção portuguesa não produziu uma exibição que pudesse ser elogiada como aconteceu no Euro 2000.
Scolari tem na formação de um grupo consistente e unido o seu maior mérito. Participações como a que nos foi presenteada por Oliveira & Cia. no Mundial de 2002 são inimagináveis com este seleccionador.
Esta consistência, apoiada por um conjunto de resultados que excederam as expectativas dos mais optimistas, serviu para galvanizar um país deprimido e devolver à maioria um orgulho desaparecido há muito.
O que doeu (para muitos ainda dói) na derrota frente à Grécia no Euro 2004, foi a incapacidade táctica demonstrada por Scolari em inverter o rumo dos acontecimentos. Esta incapacidade, aliada ao afastamento controverso de certos elementos (em nome da união do grupo, diz-se) que seriam mais valias claras, não permite vôos mais altos.
O que se aplica ao Brasil, que tem jogadores para formar duas ou três selecções capazes de ganhar um Mundial, não funciona com Portugal, que nem uma consegue formar (a tal história do ponta-de-lança).
Perder contra a Grécia pela segunda vez, em casa e na final é um feito só ao alcance da nossa selecção e do seu técnico.
A derrota no jogo de ontem custou (mais uma vez) porque sabemos ter potencial para jogar muito mais e melhor.
Que os franceses têm uma vantagem inequívoca em termos individuais já se sabe, mas ontem (como nos últimos tempos) continuaram longe daquilo que sabem e devem produzir.
Não aproveitar este facto é o que mais custa, não adiantando falar do árbitro, por muita razão (neste caso alguma) que nos possa assistir. Criámos poucas, mesmo muito poucas, oportunidades de golo durante toda a prova e quando assim é não há Ricardo nem N.ª Sra. do Caravaggio que nos salvem.
Um blog de Joaquim Gagliardini Graça
quinta-feira, julho 06, 2006
O fim da ilusão
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