Um blog de Joaquim Gagliardini Graça

quinta-feira, novembro 17, 2005

Recessão

Ao tomar conhecimento das novas previsões do Banco de Portugal e da Comissão Europeia dou por mim estranhamente consternado com a conjuntura.
Ver a economia do país crescer 0,3% (BP) ou 0,4% (CE), continuando a divergir da média europeia (1,5%) e sem perspectivas sérias de voltar a convergir nos próximos dois anos (0,8% em 2006 e 1,2% em 2007) passou a ser um cenário natural.
O ministro das Finanças faz questão de frisar que o importante é não estarmos em recessão. Faz mal.
Apesar de ter razão num plano estritamente académico, na prática uma economia como a nossa está em recessão sempre que diverge da média europeia. Mais, está em recessão quando não converge a taxas que se considerem aceitáveis para uma economia pequena, subsidiada e demasiado afastada desta média.
Acenar com a melhoria dos indicadores de confiança quando se sabe que esta se deve ao consumo das famílias e ao crescente endividamento das mesmas é demagogia pura, fazendo pouco de quem o ouve.
O OE para 2006 vem agravar ainda mais esta situação.
Deste modo, contrariando o que muitos dizem, considero que PSD e CDS só podiam votar contra. O facto de ser um orçamento melhor que os apresentados num passado recente não faz dele um bom ponto de partida ou de chegada.
As exportações, o principal ou mesmo único meio de retomar taxas de crescimento aceitáveis, continuam a cair a pique, não sendo credível o valor previsto para 2006.
Enquanto o Estado não compreender que é preciso aliviar, de uma forma brutal, a carga fiscal, iremos continuar este tortuoso caminho cujo fim se prevê no resultado mas não no prazo.

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