É certo e sabido o comportamento dos franceses nas relações com a Europa e o mundo. O primado da arrogância e da intelectualidade tacanha tem tido a sua expressão mais visível no anti-americanismo (por vezes primário) demonstrado nos últimos tempos. Acontece que o que se tem vivido nos últimos dias em França (e agora noutros países) não pode ser comentado de forma leviana, correndo o risco de nos comportarmos como os próprios.
Podemos ter a tentação fácil de tratar o assunto como estes fizeram, por exemplo, em relação ao drama vivido em New Orleans, plenos de demagogia e cinismo.
Não serve, no caso presente, tentar explicar a violência culpando o mau estado das periferias, a pobreza, o racismo e a discriminação sofrida pelos "jovens" que incendeiam e atacam bens e pessoas inocentes.
O problema reside, no seu essencial, na quase total ausência de integração de comunidades que, seguindo bandos organizados de radicais, não acatam as leis e os costumes dos países que as acolhem.
Não se misturam, criam e vivem em guetos tentando impor a sua cultura ao invés de a tentar preservar, renegando por completo tudo quanto é local.
Os filhos dos primeiros emigrantes, estes tais "jovens", são criados em ambientes de luta permanente e de fanatismo religioso.
O drama não é a pobreza, a falta de acesso à educação ou a discriminação. As condições de vida desta gente são, em todos os aspectos, muito superiores às dos portugueses que para lá emigraram, sendo que estes nunca se comportaram como vândalos.
O drama é que a Europa não só tem vindo a ignorar esta situação como tem pactuado com a mesma.
Não têm faltado casas, subsídios de desemprego, bolsas de formação, de integração e tudo o mais que o pseudo-humanismo europeu tem vindo a proporcionar às custas de um modelo social insustentável.
Em nome da paz podre em que tudo é permitido, somos tão avançados que aceitamos todos os que aparecem, mesmo que muitos deles pretendam simplesmente aproveitar-se da prosperidade económica vigente, fazendo muitas vezes uso desta contra quem os acolhe.
Por aqui, os problemas resolvem-se com torrentes de dinheiro. Lá se distraem os tipos com casas novas e ténis de marca. Compra-se tempo porque não há vontade de mudar e admitir os erros cometidos.
Iludam-se os que pensam que este problema é um exclusivo da França ou dos países mais desenvolvidos da Europa. Está a espalhar-se por toda o continente dando origem a novos focos de racismo e fanatismo religioso.
O drama a sério vai acontecer quando se acabar o dinheiro.
Foto: CNN
Um blog de Joaquim Gagliardini Graça
segunda-feira, novembro 07, 2005
Integração
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