Um blog de Joaquim Gagliardini Graça

segunda-feira, junho 28, 2004

Novos rumos

Agrada-me esta mudança que se prepara no governo.
Tenho a ideia que os críticos ainda não se aperceberam bem do altruísmo do Durão Barroso e o bem que representa para o país esta mudança.
Quando votei nas últimas legislativas, fi-lo com a certeza absoluta de uma coisa: pior que o Guterres é difícil.
Enganei-me.
Sei que o Guterres não fez nada, mas pior que não fazer nada é fazer mal.
Este governo conseguiu fazer exactamente o contrário de tudo aquilo que prometeu no seu programa (sim, eles tinham um programa).
Desculpando-se na crise internacional, nos problemas conjunturais e na perda de fundos comunitários optaram por aumentar os impostos (ou como tanto gostam de dizer, a carga fiscal) e estrangular um país que, por sua vez, já vinha estrangulado dos tempos do guterrismo, i.e., endividado até à ponta dos cabelos.
As empresas têm vindo a falir como nunca, o desemprego atinge níveis recorde e, cúmulo dos cúmulos, o défice só é controlado vendendo património pois todos sabemos que o défice real ultrapassa claramente os 5 por cento do PIB.
Ao contrário de muitos analistas, continuo sem ver sinais claros que a retoma está aí ou que está perto de acontecer.
Posto isto, vamos ao que interessa.
Primeiro: sou a favor da ida de Durão Barroso para presidente da comissão europeia. Não sei se os restantes europeus irão gostar tanto mas para nós é bom!
Se tivesse votado nas eleições europeias teria dado o meu voto à CDU. O prazer de mandar para fora daqui o Durão Barroso, só pode ser comparável a enviar para Estrasburgo a Odete Santos. Foi por pouco, mas vou tentar não falhar nas próximas eleições.
Segundo: gosto do Santana Lopes e acho que vai ser bom para o país ter um playboy como líder do governo.
Portugal será uma espécie de Japão na Europa, mas com mais festas e barcos de luxo.
O que este país precisa é de festa e alegria (como se tem visto com o Euro) e não consigo pensar num político com melhor preparação neste campo que o Santana Lopes.
Mais, dada a situação como irá ascender a primeiro-ministro, Santana Lopes irá ter que cumprir o programa do partido, coisa que não aconteceu até agora.
Finalmente os impostos irão baixar, as pessoas irão sentir o dinheiro a entrar directamente nos seus bolsos, a procura aumenta e a economia arranca.
Não é nada de novo. Basta olhar para o caso irlandês e, mais recentemente, para os EUA, que apresentam taxas de crescimento bem acima da média europeia e que, no caso americano, não se preocupam minimamente com o défice.
A outra grande vantagem será a remodelação governamental. Precisamos de gente nova para quase todos os ministérios. Encontrar gente pior do que a que lá está será difícil.
Terceiro: Agradeço ao PR que se deixe estar quieto e não se meta em trabalhos. Quer queira quer não, votámos num programa e elegemos deputados. Não votámos no Durão Barroso nem no Paulo Portas. É o que está na Constituição e, por muito que doa a alguns, é para cumprir.

Agora venha a festa!!!

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro Bekx, considerando que o teu blog é um espaço de reflexão
democrático e plural, venho pedir-te que publiques esta carta, em nome
destes tempos conturbados e rabinos.

Em relação ao texto com o título em epígrafe, que diga-se de passagem deixa
muito a desejar em termos de imparcialidade ( outra coisa não era pedida)
apenas quero deixar uma frase que tem sido muito utilizada por uma pessoa
que conheço:
- "Estou com medo da Santanada que se avizinha".
Esse é o sentimento generalizado de uma grande parte da população portuguesa
(mulheres inteligentes incluídas - as outras querem todas casar com o
Santana) e até mesmo de uma parte bastante significativa de militantes do
PSD, históricos incluídos.
Deixa-me só lembrar-te que o cenário de eleições antecipadas não é uma
invenção dos jornalistas e que, o estarmos a meio do mandato não é argumento
válido em deterimento da estabilidade. Freitas do Amaral afirma no Público
de hoje que estamos perante uma "catástrofe política" e que só a realização
de eleições antecipadas poderão legitimar o nome do próximo primeiro
ministro. Marcelo Rebelo de Sousa, ex Presidente do partido, dizia anteontem
que esse ( eleições antecipadas) não é um cenário "a pôr de parte, para não
acontecer o mesmo de há mais de 20 anos atrás com os governos de Pinto
Balsemão após a morte de Sá Carneiro".
Não é verdade que as pessoas quando votam nas legislativas votam no partido
e no programa de governo que determinado partido defende. O que as pessoas
fazem, e isso todos nós sabemos, é votar em pessoas. Se nas últimas eleições
legislativas o programa de governo do PSD fosse aquele que foi a escrutínio,
mas se a pessoa que deu a cara pelo partido e que ganhando as eleições fosse
convidada a formar governo fosse, em vez de Durão Barroso, Manuela Ferreira
Leite, então o PSD, garanto-vos, não estaria hoje no poder.
Esta é uma questão moral que se coloca na situação actual. As pessoas
precisam de se rever na pessoa que comanda os destinos do país e
subsequentemente nas pessoas que o rodeiam. Isso só acontece com eleições. É
a forma de legitimar os cargos em democracia e de trazer estabilidade.
O Francisco Sarsfield Cabral diz hoje no DN, que sente-se duplamente
defraudado por ter votado PSD há dois anos. Primeiro, porque nada do que
constava do programa de governo foi cumprido até agora e depois, porque não
reconhece aos nomes que se afiguram agora, avançando que, se quisesse outros
nomes, teria votado noutro partido, que foi o que quase metade dos eleitores
fez. Se uma pessoa que votou no PSD tem este sentimento, imaginem uma pessoa
que votou noutro partido.
Com os melhores cumprimentos,

P. Galvão

Bekx (JGG) disse...

Está publicado.
Compreendo o teu ponto de vista, mas não invalida nada do que escrevi anteriormente.
Se querem votar em pessoas mudem a Constituição.
Não é o sistema que temos.
O grande problema que se levanta aqui é o facto de o nome indicado pelo PSD ser o Santana Lopes. Se fosse outra pessoa qualquer todas estas questões tinham passado ao lado.
Aliás, como se previa, Santana Lopes obteve a unanimidade de votos no conselho nacional do partido.
Quanto a Freitas do Amaral (finalmente assumido como um esquerdista convicto!), dedique-se ao direito e esqueça a política de vez.
O Marcelo é outro que nunca ganhou nada e que não pode com o Santana Lopes. Dá uma no cravo e outra na ferradura e faz-me lembrar o Prof. Ludovico dos livros do Tio Patinhas. É perito em tudo, inclusivamente em peritos.
Quanto ao Sarsfield Cabral e a todos os outros, tenho pena que tenham andado enganado estes anos todos. Concordo que nada foi cumprido no que diz respeito ao programa eleitoral.
No entanto, a única pessoa que elegemos é o PR...