Candidatos honestos, bandidos, mais-ou-menos...

A noite de ontem foi deprimente para quem seguiu a emissão eleitoral nas televisões.
Tanto deu para ver Pacheco Pereira indignado (qual virgem ofendida) com o discurso de Fátima Felgueiras como para levar com a verborreia de Odete Santos, o vazio de Alberto Martins, os discursos em directo dos candidatos honestos, bandidos, mais-ou-menos, Miguel Sousa Tavares culpando Bárbara Guimarães pela derrota do marido e, para terminar em beleza, um deprimido (e deprimente) painel de análise na madrugada da SIC Notícias (juro que só prestei atenção quando ouvi o Nuno Rogeiro dizer pela primeira vez e em directo "não sei").

A indignação de comentadores, políticos e jornalistas a certas candidaturas roça o caricato, para não dizer má fé.
É certo e sabido que ninguém ascende aos cargos de topo, seja dos partidos ou poder central e local sem tráficos de interesses e influências. Veja-se o circo das negociações das listas partidárias. São poucos os que chegam a um cargo público ou partidário sem que pelo meio não tenham vendido a mãe, o cão ou o cú.

Os partidos e o estado da Justiça são os grandes responsáveis pela desconfiança da população em relação aos políticos e ao próprio Estado.
Esta mesma população sabe e sente na pele os resultados do desgoverno e dos tachos.

Fátima Felgueiras candidatou-se e ganhou porque a Justiça o permitiu e o povo, que acha que todos roubam, assim o quis. Ela pelo menos fez obra, acham os que nela votaram.

A promiscuidade entre política e justiça impedem um funcionamento célere desta última. Porque a rapidez não interessa à política e a quem a faz. Porque TODOS têm telhados de vidro.